Caxiunã: lugar onde ciência e natureza se encontram
Por Antonio Soares, Cintia Soares, Graça Ferraz, Rosa Paes e Socorro Silva:
Caxiuanã é a mais antiga Floresta Nacional (FLONA) brasileira, criada em 1960 em área pertencente aos municípios de Portel (70%) e Melgaço (30%), localizados na região do arquipélago do Marajó, no Estado do Pará. Trata-se de uma área preservada de floresta tropical, com 300.000 ha, que possui alguns dos ecossistemas naturais mais representativos da região amazônica, como floresta de terra firme, igapó e várzea. Com apoio do governo britânico, o Museu Paraense Emílio Goeldi, a mais antiga instituição de pesquisa atuando na Amazônia (141 anos) e braço do Ministério da Ciência e Tecnologia na região, inaugurou em 8 de outubro de 1993 na FLONA, às margens do rio Curuá, uma base física com 3.000 m², com laboratórios, restaurante, biblioteca, auditório, enfermaria e alojamentos para 40 pessoas. Denominada Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn), em homenagem ao idealizador do Museu Paraense, sua implantação só foi possível graças a convênio firmado entre o Museu e o IBAMA. Nestes 14 anos de operação, a ECFPn vem se consolidando como um grande laboratório vivo de pesquisa sobre a sócio e biodiversidades amazônicas, onde são realizados trabalhos e cursos de campo em nível de graduação e pós-graduação; projetos experimentais; treinamentos, seminários e reuniões científicas; visitas orientadas; dissertações de mestrado e teses e doutorado, todas estas fortalecidas por meio de parcerias que o Museu Goeldi vem construindo com organismos nacionais e internacionais. A nível regional, além do IBAMA, o Museu desempenha suas ações em Caxiuanã principalmente com apoio das prefeituras de Portel, Melgaço e Breves; das Universidades Federal do Pará, do Estado do Pará, da Amazônia e Rural da Amazônia; da EMBRAPA Oriental; do Instituto Evandro Chagas; da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia. A renovação do convênio entre o Museu Goeldi e o IBAMA, em 2003, ampliou a área de atuação do MPEG para todos os 330 mil hectares da FLONA. A Estação dista de Belém cerca de 400 Km em linha reta e, para se chegar até lá, são necessárias 12 horas de viagem até Breves, em barco de linha, e mais nove horas de Breves até Caxiuanã, em barco do Museu Goeldi. Devido a essa distância e outras peculiaridades regionais, o Museu mantém uma base de apoio na Cidade de Breves/PA, que funciona como entreposto entre Belém e a Estação em Caxiuanã. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) lançou em 2004 um edital de apoio à pesquisa em Caxiuanã, visando transformar a Estação Científica Ferreira Penna em um grande laboratório nacional para formação de recursos humanos, realização de pesquisa científica e a conservação de florestas tropicais. Como resultado, várias teses de mestrado e doutorado vêm sendo produzidas e o número de visitantes/ano na Estação atingiu a marca de 1.000 em 2006. Atualmente, cerca de quarenta projetos são desenvolvidos na ECFPn, nas áreas de botânica, zoologia, ciências da terra, ecologia e ciências humanas. Merecem destaque os grandes projetos de interesse direto do MCT na região amazônica como o LBA, que estuda os impactos da mudança no uso do solo e as conseqüências no clima e na ecologia da região; o PPBIO, que pretende ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade na Amazônia, e o projeto TEAM, coordenado pela Conservação Internacional, com o objetivo de monitorar a biodiversidade regional e global em florestas tropicais, e cujos sítios estão localizados em diversas áreas de floresta tropical pelo mundo, sendo Caxiuanã um deles. Projetos individuais e institucionais de menor porte, porém com resultados de alta relevância, também são realizados na Estação Científica Ferreira Penna. A fim de atender a exigências do Plano de Manejo da FLONA o Museu Goeldi criou, em 1997, o Programa de Desenvolvimento Sustentável Floresta Modelo de Caxiuanã, com o propósito de estabelecer a interface entre a pesquisa científica e os moradores da região. Os resultados das pesquisas realizadas nestes anos na FLONA de Caxiuanã foram concentrados em dois livros da série “Caxiuanã”, criados com a intenção de tornar público os estudos realizados na ECFPn. Já existe material suficiente para a edição do terceiro volume, onde várias descobertas de espécies novas de plantas, animais e organismos que não haviam sido identificados antes em toda a América Latina serão tornadas acessíveis ao público em geral. O conhecimento produzido na ECFPn também resultou em mais de 500 publicações especializadas nas áreas de Botânica, Zoologia, Ecologia, Climatologia e Ciências Humanas, dentre elas: 81 artigos científicos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais; 280 resumos e trabalhos completos apresentados em seminários, workshops, congressos e reuniões cientificas; 21 monografias de graduação, três de especialização; 16 teses de doutorado; 38 dissertações de mestrado; quatro livros; 104 capítulos de livros e duas cartilhas educativas. Portanto, ao completar 14 anos, a Estação Científica Ferreira Penna consolida cada vez mais a missão institucional e contribui para firmar o Museu Goeldi como Centro de Excelência em produção e divulgação científica na Amazônia. Para mais informações acesse o portal do Museu Goeldi na internet no endereço www.museu-goeldi.br.
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