quarta-feira, setembro 19, 2007


Missão Marajoara
“A festa que a nossa presença traz”.
Enquanto o corpo repousa cansado, depois de mais uma jornada missionária, lá vai o nosso barco singrando as águas do elegante e caudaloso Anapú (Portel-PA). Nos dirigimos a uma nova comunidade de nosso itinerário missionário. Já a uma certa distância, de uma de suas margens, se avista pessoas que vão se aglomerando para recepcionar o frei e sua comitiva. Logo ressoam cantos que se misturam com o barulho do motor de nossa embarcação: “Você que está chegando, bem-vindo, seja bem-vindo...!”, “Igreja Marajoara, formada por todos nós...” De repente já nos encontramos em meio aos cantos e a alegria daquelas pessoas por nossa simples presença.
Antes de nossa chegada há um preparativo todo especial. Conserto do trapiche, pintura da capelinha, compra de balões e bandeirinhas para enfeitá-la, preparação da comida... tudo para esperar a visita do padre. Afinal ele vem por aqui apenas uma vez ao ano. Na chegada, todos se juntam no trapiche, com cantos, pandeiros e tumbas nas mãos, fogos que estrondam no céu... Afinal é o Padre que vem chegando! Sua presença traz alegria, vem renovar as esperanças, vem trazer a Boa-Nova da Palavra de Deus; em fim, é o representante de Cristo que visita a comunidade.
Nossa simples presença já é o grande motivo da festa para o pequeno povoado. Todos nos tratam com reverência e respeito. “Este é o frei!” Alguém nos apresenta, geralmente o dirigente, a algum visitante que ainda não nos conhece. É o espaço sagrado, é o “Alter Christus” aí que se faz presente. É Cristo que uma vez mais caminha por nossa pequena vila, que visita nossos humildes “tapiris”, que partilha do pouco que se tem para oferecer, que joga futebol com os jovens, que diverte a criançada com seus contos e fatos. É o Padre que está nos visitando! Tudo é parte da festa. Os filmes da noite com alguma mensagem religiosa, as palestras, a celebração da Missa, os batizados, primeiras comunhões e casamentos... Tudo é parte da festa. Apenas uma vez por ano isso sucede por aqui. Ao final da visita temos o almoço com toda a comunidade, para encerrar com chave de ouro. Na despedida, a comunidade se reúne novamente no trapiche, e como que não querendo ver-nos partir, alguém pergunta: “quando o frei estará conosco novamente?”. “Ano que vem. Se Deus quiser!” Responde o religioso, enquanto acaricia a cabeça de uma criança. Alguma lágrima ensaia, timidamente, a rolar em seus rostos curtidos aparentemente pelo sol.
Entre o adeus e o ruído do motor de nossa embarcação, nos despedimos e partimos para outra comunidade, onde as mesmas esperanças se renovam e a mesma história volta a acontecer.

frei:Ivan

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